sexta-feira, 27 de abril de 2012

Murderer



Ah! O cheiro de ferro que exala no ar;
Belo tapete vermelho que se estende ao andar;
Sei que estou aonde devia estar...
Já não há mais ninguém pra atrapalhar...

Ah! A sensação de nobreza que ninguém pode macular;
Essa certeza de que não há mais nada por finalizar...
Cheiro de cobre. Morno, preenche o lugar;
Escarlate que inunda e me chama a mergulhar;
Sei que estou aonde devia estar...
Sou o astro de meu palco particular...

Uso minhas últimas forças para reverenciar;
Meu interlocutor imóvel, de olhar vidrado, a esperar;
O ápice de nossa trama espetacular;
O estalo, o fechar da cortina, a última luz se apagar...

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Texto aleatório

Paredes me cercando
Pretendem me sufocar
Energias negativas
Rondam, e tentam matar...
Tudo de especial que existe em mim
Roubar a minha essência.

O grito de agonia que eu mal consigo conter.
O instinto que me impele – ora a atacar, ora a me esconder.
Eu preciso, de qualquer modo – me proteger
Manter vivo tudo o que de verdadeiro há em meu ser
Aquilo que me torna única.

Texto fresco xD

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Hécate

E o sonho se repete, pela terceira vez...
Estava hipnotizado, entregue aos seus encantos, desejando que o momento durasse eternamente, que pudéssemos nos livrar de nossos fantasmas e seguirmos em frente.
Pela terceira vez... Estava entregue em seus braços, seus encantos... O nosso olhar era profundo, confortante. Não havia hesitação, estávamos realmente juntos naquele instante.
Pela terceira vez... Estava entregue... A nossa energia era tão eminente, não fazia sentido tudo aquilo não ser real.
É o sonho que se repete... Hécate, divindade tripla: Lunar, Marinha e Infernal.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Pensamento livre


É por essas e por outras que eu prefiro ser exagerada, verdadeira comigo mesma.
Gritar aos quatro ventos o que sinto, sem mentiras ou disfarces. Jogar-me.
Pode a queda ser dolorosa, mas a sensação de poder voar me compensa.
O sentimento de liberdade e verdade que nunca se esvai...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Olhar para cima

Enquanto as paredes desmoronam, enquanto tudo se quebra;
Alguém tem de ficar firme.
Quando as lágrimas invadem o perímetro, inundando tudo a sua volta;
É preciso alguém pra sorrir;
O sol deve aparecer em algum olhar.

Quando tudo ficar confuso, e os sentimentos se misturarem;
Os caminhos ficarem escuros, e as velas se apagarem...
O líder terá de surgir para dar o primeiro passo.

Ainda que tudo se perca e desabe;
Dentre todas as almas em torno que apenas fazem chorar;
Alguém terá que esquecer suas próprias dores e guiar as demais...
Para o recomeço.

No momento em que as trevas tomarem conta;
E os demônios criados pelos próprios pensamentos humanos nos atacarem...
O medo terá de ser vencido, e a espada erguida.

Enquanto todos estiverem em posição fetal;
Encarando o próprio umbigo em seu incessante egoísmo;
Será necessária uma pessoa com a disposição de olhar para o outro;
Colocar a mão em seu ombro, e consolar-lhe.
Quando o pessimismo imperar e as esperanças se esvaírem;
Tudo a sua volta sendo consumido aos poucos por temor...

Alguém terá que olhar para cima...

Erguer-se e ser o sol para as demais.

domingo, 21 de agosto de 2011

Sangue


A porta. A única barreira entre eu e o alívio... Nunca havia sido tão difícil de abri-la – Talvez fossem por minhas mãos que tremiam freneticamente.

Atravessei a porta, adentrando a sala de casa, indo direto para as escadas, sem olhar para os lados. – Não teria coragem de encarar ninguém. – quando ouço uma voz chamando meu nome. Demoro a perceber que se trata da voz de minha mãe:
- Onde esteve até agora, Marco?
- Por ai – respondi secamente, sem olhá-la nos olhos.
- Esteve esse tempo todo “por ai”? – sua voz soava irritada.
- Deixe de curiosidade, velha. É irritante... – não havia emoção em minhas palavras. Segui em direção ao meu quarto sem mais. – Era estranho notar a conexão entre mãe e filho – quase como se ela conseguisse olhar dentro de sua alma e descobrir a verdade... O que você não tem coragem de dizer.

Fechei a porta do quarto atrás de mim, me encostando a ela – “o que você fez? Como pôde?” – era o que ecoava em minha mente. Fechei meus olhos - Podia sentir o remorso corroer-me lentamente. Permaneci dessa maneira por algum tempo, para então seguir para o banheiro – praticamente me arrastando. Trancando-me lá dentro...
Encarei interminavelmente o espelho, observando a expressão perturbada em minha face que não se desfazia – talvez nunca mais se desfizesse... – “O que há de errado com você? Aonde estava com a cabeça? Aonde estava com a cabeça, Marco?” – senti tudo a minha volta girando – lembranças surgindo em minha mente. O sangue, a adrenalina, a excitação... Depois a tristeza – Meu estômago revira. Atiro minha cabeça na pia, despejando ali mesmo o líquido malcheiroso que se manifestava nele.
Retirei a jaqueta negra que usava, a mesma que cobria a parte mais dolorosa de minhas lembranças, criei coragem para olhar para baixo, para a minha camisa – outrora branca, agora coberta de sangue – Mais e mais lembranças. Mais e mais imagens! – Retiro-a em desespero, abrindo a torneira com mãos trêmulas, esfregando a peça freneticamente, como se dessa maneira pudesse lavar também a minha consciência – sem sucesso.
Olhei para baixo novamente, encarando a faca que jazia em minha cintura, presa na minha calça – podia sentir a lâmina fria em contato com a minha pele – “Como ela deve ter se sentido? Por que você fez isso?” – As palavras não cessavam. Pus-me a lavar faca, vendo o líquido vermelho se misturando a água que saia da torneira – sentindo o cheiro de ferro que se espalhava pelo lugar...
Encostando a cabeça no espelho a minha frente de olhos fechados – “Deve ter doido tanto! Ela não lhe fez nada, maldito! Como pôde?” – Sentindo-me cada vez com menos força. Ergui meu olhar para observar meu rosto no espelho novamente...

Olhos furiosos me encaravam. Olhos claros que não me pertenciam!

Saltei para trás, tropeçando em meus próprios pés e batendo as costas na porta atrás de mim, caindo no chão... Esqueci-me por alguns instantes de como se respirava! Nem mesmo piscar eu conseguia, até meus olhos começarem a arder em protesto, me fazendo acordar de meu transe. – Estava vendo coisas. Encostei minha cabeça à porta – ainda sentado onde havia caído, deixando a respiração voltar ao normal – sem coragem de olhar na direção do espelho.
... Algo quente, viscoso, tocou a minha mão – senti meu coração disparar novamente. – olhei temeroso para ela... Havia sangue! Sangue que não era meu! Sangue que não estava ali antes! – O fino fio se sangue que manchava agora minha mão se estendia... Segui com olhar o liquido que parecia estar vindo do canto do banheiro... Vinha da banheira – Estava cheia até a borda de sangue!
Uma borbulhada...
Meus olhos quase saltam das órbitas em desespero – não conseguia gritar, só movia os braços ensandecido tentando abrir a porta... Abri e disparei para fora com uma energia que pensara ter perdido, tentando abrir agora a porta do quarto para escapar, seja lá do que fosse aquilo – a porta não abria! Por mais que tentasse a fechadura não abria de forma alguma! – Sentia o coração disparado e a respiração ofegante... O pânico tomando conta de minha alma...
... Um frio subindo a espinha, o corpo tenso... Havia mais alguém no quarto!...
Pude sentir a presença gélida atrás de mim... Soprando em meu pescoço nu... Uma madeixa ruiva caiu sobre meu ombro – ruiva como Sofia! Era ela!... Não era possível, ela estava morta! – se depois do que eu havia feito haviam me restado dúvidas sobre minha falta de sanidade, elas acabaram nesse instante – mas eu estava vendo! Os cabelos ainda estavam ali, a sensação macabra de sua presença ainda estava ali!
Os punhos estavam fechados com tanta força que minhas mãos sangravam...
Virei-me num golpe rápido, atingindo apenas o ar com minha faca – não havia ninguém ali – ninguém que eu pudesse enxergar... A porta ainda não abria. Agachei-me ali, abraçando minhas pernas como uma criança, sentindo o gosto salgado de minhas lágrimas que escorriam sem que eu percebesse... E então o quarto estremeceu.
... Não piscava mais – não conseguia evitar olhar aquela imagem se formando do outro lado do quarto... A imagem fantasmagoria de Sofia – Pálida como a morte... Bem como eu a havia deixado, a mesma roupa ensangüentada, as marcas das facadas seguidas que eu a apliquei, a perna quebrada na luta... Ela me encarava – o ódio em seus olhos era quase palpável! – Ela moveu-se.
Não conseguia pensar em mais nada, o desespero tomou conta de mim, nem percebi que já estava de pé novamente, esmurrando a porta... Peguei impulso e joguei o peso de meu corpo contra a porta, que sequer se mexeu!
Voltei a encará-la, estava cada vez mais próxima, não a via andar.
- Me perdoe, por favor me perdoe! – soltava em voz fraca.
... A face demoníaca coberta pelos cabelos ruivos estava a menos de um metro de mim, e eu encostado a porta – encurralado... Não havia mais nada que eu pudesse fazer – Ela estava muito perto... Voltei meus olhos para a faca em minha mão...
Apenas um segundo foi o necessário... Levei-a para o alto e a enterrei em meu peito – com a mesma força que havia usado outrora para esfaquear Sofia...
... Senti o gosto de sangue na boca... O mundo sendo tingido de vermelho... Os olhos vingativos ainda me encarando – deixando o remorso ainda mais forte nos últimos instantes – não me permitindo esquecer...
Até a minha visão apagar-se por completo...

Texto antigo (escrevi em 2009 =B) mas achei que valia a pena postá-lo aqui...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Oceano Vermelho

Oceano vermelho em meus olhos...
Cansaço...

Depressivamente, me encontro, observando minhas mãos dormentes e ensanguentadas
Mas são aqueles segundos que espero...
Segundos de imensa pureza
Estranhos segundos que me levam à raridade

Parecem frios, mas fazem meu coração bater...
Aquele maravilhoso sentimento de estar fora da equação...
Não me leva à pensar que meu sonho foi em vão
Gostaria de expressar todas as tempestades que me esvaziou durante todo esse tempo

Mas esse momento sempre passa
Fazendo com que eu volte à massante trajetória de sempre
Continuo olhando as minhas mãos
Suspiro tristemente...
E espero aqueles segundos novamente...